«O BPN nunca existiu. Ou, se existiu, foi um filme menor de Federico Fellini, entre a fantasia e o desejo.
O realizador italiano dizia: “Odeio o cinema verdade. Gosto mesmo é do cinema mentira. A mentira é sempre mais interessante do que a verdade. A ficção pode levar-nos a uma verdade mais aguda que a realidade quotidiana e aparente”. No BPN não há realidade: só existem pesadelos. (...)
O BPN era o Darth Vader do regime. Todos sabiam da sua existência, mas ninguém o via. O “risco sistémico” foi a melhor ficção inventada para limpar a casa de nódoas com muitas impressões digitais. Só que a limpeza já custou sete mil milhões de euros, perto de um décimo da “ajuda externa” que tanta austeridade nos está a custar. (...)
O BPN foi um filme mal realizado. Que, enquanto durou, foi o símbolo do nosso regime no seu momento mais eufórico onde o dinheiro caía do céu. O BPN foi “O Carnaval de Arlequim” de Miró, numa fantasia pintada por artistas menores. Ou melhores, consoante as leituras. BPN? Foi um gambozino?»
Fernando Sobral, no Negócios.
.
0 comments:
Enviar um comentário