13.4.14

Quando a escola era risonha e franca



A propósito das inacreditáveis declarações daquele nostálgico que está à frente da Comissão Europeia e que admira a «cultura de excelência» que existia durante o Estado Novo, onde «apesar de algumas liberdades cortadas, havia na escola uma cultura de mérito, exigência, rigor, disciplina e trabalho». ( O realce é meu.)

Ele que só chegou à escola, como tantos de nós, porque era um privilegiado num país de analfabetos, no qual a democratização do ensino, que veio com o 25 de Abril e (ainda) não foi destruída, constituiu uma das nossas maiores conquistas. E ele que também sabe, talvez melhor do que nós, que nunca há almoços grátis.

Durão Barroso? Não presta!

Era disto que ele gostava (poema lembrado hoje, e que vem bem a propósito, por Luís Castro Mendes no Facebook):

O Estudante Alsaciano
Antigamente, a escola era risonha e franca.
Do velho professor as cans, a barba branca,
Infundiam respeito, impunham sympathia,
Modelando as feições do velho, que sorria
E era como creança em meio das creanças.
Como ao pombal correndo em bando as pombas mansas,
Corriam para a escola; e nem sequer assomo
De aversão ou desgosto, ao ir para ali como
Quem vae para uma festa. Ao começar o estudo,
Elles, sem um pesar, abandonavam tudo,
E submissos, joviaes, nos bancos em fileiras,
Iam todos sentar-se em frente das carteiras,
Attenta, gravemente — uns pequeninos sabios.
Uma phrase a animar aquelle bando imbelle,
Ia ensinando a este, ia emendando áquelle,
De manso, com carinho e paternal amor.
Acácio Antunes

Na íntegra aqui.
.

0 comments: