«Portugal inteiro não pode balbuciar essa palavra maldita que é reestruturação, assim decretaram os entendidos, cá e em Bruxelas. Não vá o diabo tecê-las e os mercados (curiosamente, agora sempre no plural) desconfiarem. Previu-se até que só esta palavra faria subir em flecha os juros. Talvez renegociação, reorientação, resolução ou recomposição, que têm a vantagem de ser suficientemente ambíguas para não se dizer o que se quer dizer. Aliás, a palavra reestruturação até dá jeito a alguns críticos com a insistência desonesta da sua interpretação como perdão facial de dívida (ponto que afasto liminarmente). Insinua-se um falso “não pagamos” para se quase impor o “não falamos”. Como reflectiu Virginia Woolf: "A coisa nenhuma deveria ser dado um nome, pois há perigo de que esse nome a transforme."
Não se pode falar de reestruturação, mas não há pruridos em se falar em empobrecimento (à parte os Audi), ainda que às vezes enroupado de ajustamento e mesmo que em regime de experimentalismo social e geracional. E do empobrecimento através de uma reestruturação (camuflada de poupança) que se vem fazendo quanto à dívida da República aos reformados.»
Bagão Félix, no Público de hoje.
.
1 comments:
Ok, a dívida tem que ser reestruturada, recauchutada, retalhada, o que for preciso para dar folga… Agora, antevejo que se tenha que “jogar ao ataque” para equilibrar o que anda desequilibrado há muito tempo…
Enviar um comentário