14.4.14

Viva a seriedade do fascismo!


O jornal i de hoje publica os resultados de mais uma sondagem feita pela empresa Pitagórica. Sondagens valem o que valem, os resultados desta têm muito que se lhe diga (ainda voltarei a ela mais tarde), foco agora apenas um tema: a opinião dos portugueses sobre a seriedade e a capacidade de liderança dos políticos, em ditadura e em democracia. O gráfico é bem claro: uma maioria muito significativa considera que, nos dois pontos, estávamos melhor em tempos de fascismo.

Interessa-me pouco a capacidade de liderança, até dou de barato que a de Salazar era maior que a de Passos Coelho e nem sei o que diga de Américo Tomás versus Cavaco (estou mais ou menos a brincar).

Já quanto a seriedade, fia mais fino! Claro que a memória dos homens é curta e que muitos dos inquiridos são certamente demasiado jovens para saberem do que estão a falar. Mas como é possível que se valorize assim a «seriedade» de gente que sempre permitiu negócios obscuros àqueles que suportavam o regime sem reservas (será que o nome de Henrique Tenreiro, entre tantos outros, foi banido da História?), que os escondia religiosamente, que manteve um país num obscurantismo inaudito, com mão de ferro, que obrigou milhares de portugueses e de africanos a matarem-se uns aos outros, etc., etc., etc.?

É mesmo Salazar o «maior de todos os portugueses» para os seus compatriotas de 2014? Começo a pensar que sim e a culpa é nossa. A ignorância mata (mais do que o tabaco...) e por isso seria tão importante, neste 40º aniversário do 25 de Abril, que se desmascarasse o que foi o fascismo, mas a sério, em vez de se mostrar as costureirinhas de antigamente e de nos anestesiarem com 1.000 fotografias e 500 testemunhos, sempre dos mesmos, a reivindicarem o seu lugar de heróis do dia seguinte. 


P.S. – A ler este texto, deixado pelo autor, como comentário ao post, no Facebook: A desonestidade financeira de Salazar.
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