16.5.14

Desigualmente desgostados



«De um lado brinda-se com cálices de Raposeira. Do outro, bebe-se por uma garrafa de Murganheira. À esquerda e à direita desatou-se ao brinde de espumante. Uns bebem a sonhar com êxitos futuros, outros querem convencer-nos de um êxito presente. Só eles descortinam razões para festa. Os eleitores que procuram entre ruas e lojas afastam-se. Nem os almoços e jantares cativam. Poucos acreditam em brindes. Muitos representantes e candidatos a representantes ainda não perceberam que os de baixo estão a deslaçar-se dos de cima. Sentem-se enganados. Perderam qualquer ilusão. Não vislumbram esperança no horizonte.(...)

Ainda assim, apesar da fadiga democrática e do estado comatoso dos partidos, é importante votar. Reconheço-me na atitude de Javier Cercas: "Voto sempre porque nem todos me desgostam por igual e sobretudo porque se eu não voto, votam por mim." Não devemos abdicar da palavra, mesmo que a Europa esteja a ser madrasta para tantos que acreditaram nela. Ou talvez por isso.»

António José Teixeira, num texto publicado no Expresso diário de ontem.
(Link acessível só para uns tantos, sem que seja fácil perceber quais.)
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