1.7.14

Afogados pela nossa inépcia

Chocámo-nos todos com mais uma notícia: foram encontrados 30 mortos (aparentemente, devido a asfixia), num pesqueiro, parado entre o Norte de África e a costa da Sicília e que transportava cerca de 590 imigrantes.

Segundo as autoridades italianas, este ano já terão desembarcado no país mais de 60 mil pessoas. E «Itália não é o único destino das rotas ilegais a que os migrantes recorrem para entrar no espaço europeu. A Grécia é um importante ponto de passagem para aqueles que pretendem alcançar o norte da Europa através dos Balcãs. Espanha também faz parte desta lista.»

Problema sem solução fácil nem evidente – mas inevitável e urgente. É absolutamente inconcebível que, em pleno século XXI, nenhum país ou instância internacional (com a União Europeia à cabeça) consiga que meia dúzia de governos, dos dois lados do Mediterrâneo, ponham termo a esta vergonha. Custe o que custar.

Ser optimista quanto ao futuro da humanidade – e eu sou – é ter a certeza de que, dentro de algum tempo, os homens nem acreditarão que isto aconteceu. Quando divulguei ontem esta notícia no Facebook, Teresa Pizarro Beleza deixou-me o seguinte comentário: «Talvez daqui a algum tempo o mundo se escandalize com a nossa atitude, como hoje nos escandalizamos com a memória do Nazismo, e se pergunte "Como foi possível?"». É isso, exactamente.

Em alternativa, e aproveitando uma efeméride do dia de hoje, vejamos como, nos idos de 1887, o herdeiro do whiskey Jameson comprou uma menina de 11 anos para a ver comida por canibais.

Mais chocante do que milhares de afogados no Mediterrâneo? Porquê? 
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