16.7.14

É outro o nó górdio



«Em Portugal, desde há muito, o dinheiro serve para se conseguir poder e o poder serve para se conseguir dinheiro.

As elites transferiam o poder através das eleições e quem o detinha tentava nunca parecer demasiado perfeito, porque a inveja cria demasiados inimigos. Tudo sempre se resolveu pelas ligações, por não se criar riscos políticos, por nunca se ter inimigos reais. (...) Esse tempo de paz silenciosa ruiu algures em 2008 e, como sempre, as ondas de choque só se sentiram em Portugal anos depois.

A chegada ao poder de Pedro Passos Coelho trazia em si, como numa incubadora, um vírus de destruição maciça. Pensaram muitos que ele era algo que acabou por se revelar não ser. O seu alinhamento é com outros centros de poder. Por isso o poder dos banqueiros em Portugal estava condenado. Porque a austeridade foi o nó górdio dos banqueiros portugueses. O nó impossível de desatar, a dívida que não se transforma como a água em algo gasoso. Por isso, uns após outros, têm caído como um castelo de cartas. Hoje são outros mestres da magia que influenciam o poder português. Olhe-se quem faz e desfaz as leis e quem estabelece as ligações no círculo do poder. O fim do poder do GES e de Ricardo Salgado era o resultado de uma inevitabilidade: o controle do dinheiro e do poder faz-se hoje de outras maneiras. O nó górdio ata-se hoje de outra maneira.»

Fernando Sobral, no Negócios.
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2 comments:

Natercia Pedroso disse...

Convinha saber quem são "os outros", os actuais detentores dos poderes.
Natercia Pedroso

Joana Lopes disse...

Os «mercados»!