27.11.14

Barril de pólvora


«Portugal está sentado em cima de um barril de pólvora. O desastrado Coiote usava-os na perseguição ao Papa-Léguas, só que normalmente era ele que explodia. Mas os desenhos animados permitiam que o Coiote renascesse sempre.

Portugal talvez tenha mais dificuldades em ressuscitar deste ano em que a "destruição criativa" prometida pelo Governo está a transformar-se numa "destruição maciça". Sócrates não consegue ser o mata-borrão de tudo. A OCDE diz tudo sobre o que existe e espera do País: Portugal vai continuar a ser "pobre" e "desigual". A tão aclamada desvalorização interna, como factor de competitividade, acelerou o processo sem contemplações. (...)

A corrupção tornou-se hoje um "reality-show" só à espera de um Herbert von Karajan capaz de pôr todos os instrumentos e vozes a cantar em uníssono. O barril de pólvora está montado. Só falta acender um pequeno rastilho. Caminhamos para um país mais fechado e ainda mais pobre. Onde a língua franca, a confiança, implodiu. E a questão é que a pobreza é económica e financeira, mas também política e cultural.

Aquilo que se adivinha é um Inverno sem fim. Nem o mítico Bloco Central, que alguns já dizem poder vir a salvar a Pátria em nome de um "consenso" cheio de bafio e bolor, colará estes cacos que políticos e burocratas que se movem como elefantes criaram por aqui. Por aqui criou-se o deserto onde pouco ou nada cresce e há quem ainda tenha a coragem de lhe chamar paz.»

Fernando Sobral

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