3.11.14

Ler Maquiavel



«Maquiavel, conhecedor requintado da política, recomendava que para se conquistar um Estado se fizesse uma avaliação das ofensas que era necessário levar a cabo e executá-las todas de uma só vez.

Desconhecedor do pensamento do florentino, Passos Coelho prefere os ensinamentos ideológicos de Clint Eastwood na sua personagem "Dirty Harry". Durante três anos, Passos Coelho foi executando ofensas políticas às pinguinhas. Julgava-se que o tempo o tivesse ensinado a ser um estadista, mesmo dos menores. Não é o caso. A prestação do primeiro-ministro no debate sobre o OE mostra que nada aprendeu com o tempo que passou no poder. Ao dizer uma coisa às 10 da manhã e outra às 12 horas, disparando sobre o funcionalismo público e driblando uma decisão do Tribunal Constitucional, foi claro: a legalidade é-lhe indiferente e, findo o tempo da troika, ele mantém-se no poder como o seu vice-rei que gere o protectorado. (...)

Depois de ter feito da sua política uma versão da Inquisição, culpando os portugueses pela dívida e pelo défice, os velhos pelo desemprego dos jovens, e o sector público pelos impostos do sector privado, Passos Coelho entrega os votos da administração pública nas mãos de António Costa. Há políticos desastrados e com uma visão de 10 graus. Passos Coelho é um deles. Deveria ler Maquiavel para se cultivar.»

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