3.12.14

A transcendente causa dos sacos de plástico



Vai intensa a discussão sobre o projecto de reforma do IRS, que devia ter sido votado hoje, e com toda a razão: estão em causa medidas que afectarão – e muito – a vida dos portugueses, a partir do próximo mês.

Mas não posso deixar de sorrir ao ler que uma das propostas de alteração feitas pelo PS (sem que, no momento em que escrevo, saiba se foi ou não aceite pela coligação PSD/CDS) diz respeito a uma taxa a aplicar à compra de sacos de plástico. Na versão inicial do documento, cada cliente de hipermercados ou lojas passaria a pagar 1 euro por saco, o PS propõe que esse valor seja alterado para 20 cêntimos (IVA incluído, nos dois casos).

Não consigo vislumbrar a transcendência da causa defendida pelo partido rosado, já que ninguém, por mais pobre ou dificilmente remediado que seja, é obrigado a recorrer aos objectos em causa. Terá sempre por casa uns saquitos de pano ou poderá procurá-los nos baús das avós.

Será que os PS está a apoiar a Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos que teme o «eventual ‘fecho’ das empresas envolvidas, desde as empresas que comercializam as matérias-primas, às indústrias que fabricam os sacos, às empresas que os comercializam, às superfícies comerciais que os utilizam, às unidades de recolha e selecção de resíduos plásticos e aos organismos que reciclam esses resíduos». Custa-me a crer... Se assim for, os nossos vindouros rir-se-ão muito desta iniciativa, como nós nos rimos hoje da existência da licença de isqueiro, em tempos que não deixaram saudades, que tinha como objectivo proteger a indústria de fósforos.

Também pode acontecer que algo me escape, mas...

Ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!
Alexandre O'Neill 
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