3.12.14

O preço da corrupção



«A corrupção cria entropias e ineficiências. Premeia quem não tem mérito e desincentiva quem o tem. Tem custos económicos e sociais brutais. Onde ela reina faz fraca a forte gente. (...)

A corrupção cria privilégios para alguns em prejuízo de todos os outros. Cria barreiras à progressão dos melhores e abafa o talento. Faz com que os dinheiros públicos sejam gastos em projectos com pouco ou nenhuma racionalidade económica, que não criam ou até destroem valor. Ou que a soma neles despendida seja superior ao que ditaria o mercado. Associada à fraude, faz com que todos paguemos mais impostos do que devíamos.

O país assistiu a várias destas ineficiências nos últimos anos. Seja nas decisões tomadas a nível do governo central, seja do local. Por má gestão. Por incompetência. Certamente. Mas terá sido também por suborno? É esse o véu que a Justiça nos vai destapar? O importante é que ela se faça. Seja em que sentido for. (...)

Não é à-toa que sete dos países que ocupam os dez primeiros lugares do Índice de Percepção da Corrupção da Transparency International, divulgado esta quarta-feira, estão também no top dez do Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas. A corrupção também explica porque uns países são ricos e outros são pobres. Ela corrói a confiança nas instituições. E os povos falham quando as instituições lhes falham.»

André Veríssimo

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