12.12.14

Pele de leopardo



«Ainda o dia estava a raiar, já Salgado entrava, pela porta do PM, para a Comissão de Inquérito ao BES. Foram 10 horas a responder a perguntas de deputados. Eu estava esgotado só de o ouvir. Tenho que reconhecer que o homem tem uma capacidade de trabalho impressionante. Fico a saber que nunca teria aptidão para falir um banco. Sou demasiado preguiçoso. (...)

Após o almoço, o ex-presidente do BES regressou atrás no tempo e contou a história da junção do banco da sua família com a família de Pedro Queirós Pereira, descrevendo-a como a mais fácil de sempre, porque eram paredes meias e foi só deitar uma parede abaixo e fez-se a fusão dos bancos. Isso é que eram tempos para o Carlos Costa, era só ver se não passavam canos e pronto. Acho que ele era capaz.

Quanto ao famoso retirar de idoneidade e afastamento do banco, Salgado diz que bastava Carlos Costa fazer um sinal e ele saía, contrariando a versão do governador do BdP, que diz que o enxotou dentro do que a lei permitia. É o chamado "lost in translation". Acontece muito a quem leva recados. (...)

Termino com o provérbio chinês com que Salgado iniciou o inquérito: "um leopardo quando morre deixa a sua pele. Um homem quando morre deixa a sua reputação." Lamentavelmente, neste caso, a reputação do Salgado tem mais manchas que a pele do leopardo. A reputação do Salgado ficava espectacular em frente a uma lareira.»

João Quadros

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