12.12.14

Sobre a greve da TAP



Os sindicatos da TAP anunciaram uma greve para quatro dos dias que separam o Natal do fim do ano, greve essa que tem como objectivo «sensibilizar o Governo para a necessidade de travar o processo de privatização».

Ainda decorrem negociações para que a paralisação seja evitada, mas não cessam condenações da mesma, vindas dos mais variados sectores, sobretudo pela «crueldade» na escolha da data. Mas não será útil pôr num dos pratos da balança a terrível gravidade que representa para o futuro do país a perda de uma das poucas e mais importantes bandeiras que lhe restam e, no outro, os prejuízos pessoais dos que planearam viajar nessa época (e, como em toda e qualquer greve, os danos materiais dela resultantes)? Há alguma verdadeira tragédia, alguma vida em risco, uma hecatombe para a pátria, se uns milhares de pessoas não puderem, eventualmente, passar o chamado período festivo com a família ou o réveillon em Copacabana?

Todas as greves têm impacto, material e não só, desde que existem, e muitos homens e mulheres pagaram com a vida a sua defesa. E é óbvio que esse impacto é tanto maior quanto mais incómodo provoca.

Quanto a nós, talvez se pudesse esperar, 40 anos depois de readquirirmos um direito que nos foi negado tão brutalmente durante décadas, que nos solidarizássemos, em massa, contra a perda da TAP. Mas não se sente qualquer vaga de fundo nesse sentido. Essa vaga de fundo está toda canalizada para os centros comerciais, onde mal se consegue circular tão grande é a multidão que os invade. 
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1 comments:

septuagenário disse...

A TAP sem Império podia ter ido com o Vera Cruz, o Santa Maria e com o Salazar.

Agora, em que Madrid já é a sede da maioria das embaixadas, qualquer Low cost resolve.