«Winston Churchill advertiu que a democracia era o pior sistema de governo com excepção de todos os outros. Não disse "o melhor"; disse "o pior".
Compreendia-se: democracia e lógica foram os maiores legados da Grécia ao mundo. E a democracia era irmã da aritmética, da filosofia, da lírica e da tragédia. Desde então a democracia tem sido a Bimby perfeita para todo o tipo de actores e de políticas. Serve para cozinhar tudo. Portugal é o pudim flan perfeito que exemplifica a elasticidade da democracia. Alberga tudo: desde políticos que dizem uma coisa antes das eleições e fazem outra depois delas, a impostos letais que servem para tudo menos para o bem-estar da população, corrupção endémica ou trituração de sonhos.
Começamos 2015 a olhar para uma bola de cristal embaciada: querem que acreditemos que as eleições parlamentares e presidenciais poderão mudar tudo. Não modificarão. Da mesma forma como estes anos de austeridade não demoliram o Estado hegemónico que governa o país, apenas o tornaram mais autoritário, o futuro que se adivinha mostra que o vírus da corrupção contaminou toda a sociedade. (...) A gloriosa alternância permitida pela democracia à volta do centro político tornou-se um monopólio. Que abrigou, num porto seguro, esta filoxera que está a radicalizar as sociedades europeias. A corrupção endémica, sempre por provar (entre deficientes investigações e frágeis condenações) vai tornar os portugueses ainda mais descrentes no "melhor" dos "piores" sistemas políticos.»
Fernando Sobral
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