Nunca perderei um pretexto para recordar Garcia Márquez que faria hoje 88 anos e que morreu há menos de um. Foi nesta cama dos avós, em Aracataca, que veio a este mundo esse grande génio da Literatura, que tanto marcou gerações e gerações. Estive lá em 2012, sempre à espera de encontrar algum membro da família Buendía ao virar de uma esquina, um qualquer José Arcádio ou um dos muitos Aurelianos…E foi em Aracataca que se inspirou para criar a mítica aldeia de Macondo, de Cem anos de solidão.
Foi em rigorosa «peregrinação» que fiz um desvio de dezenas de quilómetros para chegar a essa localidade, hoje com 45.000 habitantes, feia e infelizmente desmazelada, que não honra como devia o que de mais importante deu ao mundo (a não ser pela boa conservação precisamente na moradia em que «Gabo» nasceu, actualmente transformada num pequeno museu que justifica, sem dúvida, a deslocação e a visita).
Trata-se da casa dos avós, com quem viveu até aos 10 anos e que o marcaram profundamente. Família desafogada que não aprovou o casamento da filha com um simples telegrafista e que, por esse motivo, guardou a custódia do neto.
«Gabo» foi pela última vez a Aracataca em 2007, para uma tripla comemoração: dos seus 80 anos, do 40º aniversário da publicação de Cem anos de solidão e do 25º da atribuição do Nobel da Literatura.
Ficam duas referências:
– O magnífico discurso que fez quando recebeu o Prémio Nobel da Literatura em, 8 de Dezembro de 1982.
– Um pequeno fragmento da descrição da morte de José Arcadio Buendía em Cien años de soledad:
«Entonces entraron al cuarto de José Arcadio Buendía, lo sacudieron con todas sus fuerzas, le gritaron al oído, le pusieron un espejo frente a las fosas nasales, pero no pudieron despertarlo.
«Entonces entraron al cuarto de José Arcadio Buendía, lo sacudieron con todas sus fuerzas, le gritaron al oído, le pusieron un espejo frente a las fosas nasales, pero no pudieron despertarlo.
Poco después, cuando el carpintero le tomaba las medidas para el ataúd, vieron a través de la ventana que estaba cayendo una llovizna de minúsculas flores amarillas. Cayeron toda la noche sobre el pueblo en una tormenta silenciosa, y cubrieron los techos y atascaron las puertas, y sofocaron a los animales que durmieron a la intemperie. Tantas flores cayeron del cielo, que las calles amanecieron tapizadas de una colcha compacta, y tuvieron que despejarías con palas y rastrillos para que pudiera pasar el entierro.»
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