29.3.15

Elites e vergonha



Pedro Marques Lopes, no DN de hoje, a propósito da comissão de inquérito sobre o BES. 

«O lamentável espectáculo que deram alguns dos nossos principais gestores e empresários falou por si, mas houve alturas em que pareciam estar todos ao serviço de uma qualquer conspiração anticapitalista. Ninguém sabia nada do que se passava nas empresas que geriam, todos sofriam de problemas de memória com necessidade urgente de acompanhamento médico e a culpa era sempre do outro. E não estivemos perante gente qualquer, não eram propriamente empresários de vão de escada ou gestores de PME: líderes de grandes grupos, gestores premiados nacional e internacionalmente, administradores de bancos. De alguns deles recordo antigas frases eloquentes sobre o nosso destino colectivo e lamentos sobre a qualidade dos políticos. Pois nesta comissão há que elogiar os deputados que mostraram uma capacidade de trabalho, conhecimentos e uma dignidade que deveria fazer corar de vergonha a esmagadora maioria dos "grandes" gestores e empresários que lá estiveram. (...)

O que parece evidente é que temos um sério problema entre aqueles que deviam ser referências, entre aqueles que deviam por tradição, por melhor educação, por ocuparem lugares de destaque na sociedade ou por outra razão qualquer, ser verdadeiros exemplos. Entre aqueles que se convencionou, mal ou bem, apelidar de elites. E isto, infelizmente, é válido, entre outras, para as classes políticas, judiciais ou empresariais. Para piorar, a pobre e triste imagem que passam afecta os bons empresários, políticos, juízes e procuradores que ainda temos.

No fundo, serve tudo isto para dar razão àquilo que já tanta gente repetiu: o melhor que esta terra tem é o seu povo, já as elites...» 
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