11.3.15

Há 40 anos, o início do PREC



Numa terça-feira de Março de 75, pelas 11:45, o RAL 1 (mais tarde conhecido por RALIS), foi bombardeado por aviões da Base Aérea nº 3 e cercado por paraquedistas de Tancos, no acto que concretizou uma tentativa de golpe de Estado, liderada por António de Spínola. O que se passou durante o resto desse dia é resumido num documento do Centro de Documentação 25 de Abril e está parcialmente gravado em vídeo (ver fim deste post). Um dia marcante que acabou já sem Spínola no país: com a mulher e quinze oficiais fugiu de avião para Badajoz.

11 de Março marca o início do PREC que viria a durar oito meses e meio – até ao 25 de Novembro. Seguiram-se dias absolutamente alucinantes, sobretudo a partir de 14, quando foi criado o Conselho da Revolução e se deu a nacionalização da Banca e da maior parte das companhias de Seguros.

O PPD apoiou as nacionalizações, embora com cautela, Mário Soares mostrou-se eufórico, considerando tratar-se de «um dia histórico, em que o capitalismo se afundou». Disse num comício que «a nacionalização da banca, que por sua vez detém (…) a maior parte das acções das empresas portuguesas e, ao mesmo tempo, a fuga e prisão dos chefes das nove grandes famílias que dominavam Portugal, indicam de uma maneira muito clara que se está a caminho de se criar uma sociedade nova em Portugal». (Adelino Gomes e José Pedro Castanheira, Os dias loucos do PREC, p. 28.)

Muitas reviravoltas deu a nossa história e estamos agora onde sabemos. Mas uma coisa é certa, qualquer que seja o julgamento que hoje se faça do PREC: quem não viveu num ambiente revolucionário nunca conseguirá imaginá-lo exactamente. Nem realizar o que perdeu.

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Imagens ajudam a reavivar a memória:



Continuação aqui e aqui.
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1 comments:

septuagenário disse...

O terceiro mundismo das nacionalizações é que foi uma ideia sem jeito nenhum.

Era de prever uma reprivatização com o correspondente terceiro mundismo.

Mas que perda de tempo.

Foram imposições de minorias activistas, paciência.

Sempre que as minorias levam as suas imposições avante, deve-se pensar que pode haver sempre algum recuo para pior.