«Em 1968, nos Jogos Olímpicos do México, Dick Fosbury venceu o salto em altura, saltando de costas. Estava inaugurada uma nova ideologia: o Fosbury Flop.
Uma década depois, a hegemonia estilhaçou-se: Vladimir Yashchenko venceu a prova com uma técnica que era encarada como extinta: a da rotação frontal. A política portuguesa vive, neste momento, o seu momento Fosbury Flop: qual é a melhor forma de ultrapassar a deprimente austeridade que destruiu a classe média e aniquilou a falsa segurança em que vivíamos, entre o Estado, a PT e o BES? PS, PSD e CDS, eterno triângulo das Bermudas onde se divide o poder e onde as esperanças dos portugueses são depositadas e se afogam, têm aparentes propostas diferentes para sair da crise. Mas todas elas vivem tementes da dívida, do défice e, sobretudo, do poder de Bruxelas. (...)
Portugal continua refém da dívida. E assiste cada vez mais ao estilhaçar de um Estado social onde a forma de sustentar a segurança social e as pensões é uma dor sem paliativos. Por isso, o jogo político à volta da TSU parece digna do Frankenstein da "desvalorização interna" que hoje se tornou a ideologia oficial do PSD e do PS. O que não deixa de ser fantástico. E que mostra como Portugal está refém da ideologia única de Bruxelas. Ganhe quem ganhar.»
Fernando Sobral
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