«Numa frase, Augusto Santos Silva definiu as propostas dos economistas a quem o PS encomendou um programa económico para a década: "Este programa prova que é possível fazer propostas sem entrar em Varoufakisses". No fundo, é isto: tudo menos ser socialista. A primeira preocupação do PS é deixar a mensagem de que não são aqueles loucos radicais do Syriza a quem, há três meses, davam loas pela coragem. O lema eleitoral do PS, às próximas eleições, vai ser: o PS não é a Grécia. Santos Silva, de fato e gravata, deixou bem claro que ali ninguém fuma cenas e que é possível fazer uma alternativa "sem ser preciso tirar a gravata e andar de mota". (...)
O ex-ministro socialista fala em Varoufakisses, fazendo de um apelido um defeito, quando tem Santos Silva no nome. Se Varoufakisses fizer escola, Augusto corre o risco que apareça o adjectivo Santossilvisses e nunca mais consegue marcar uma mesa no restaurante sem explicar que não está preso. (...)
Conclusão. A meu ver, esta proposta dos economistas "do PS" é um bocado um: empresto-te as chaves do carro, dois anos mais cedo (do que os outros), mas não podes passar do quarteirão e pagas a gasosa. Ou, para ser mais específico, esta proposta é: empresto-te o carro, mas só para ires ao supermercado fazer compras.
No entanto, há que reconhecer que sempre é melhor do que a outra, que é: "Pode ser que te empreste o carro daqui a dois anos, mas o mais provável é vender o carro a um chinês antes disso".»
João Quadros
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