Foi há 40 anos que Vasco Gonçalves fez em Almada, perante 15.000 pessoas, um discurso que durou uma hora e meia e que foi transmitido em directo pela RTP (texto, na íntegra, aqui) e que seria o princípio do fim de muitas coisas. Quem viu e/ou ouviu não esquece.
Um discurso que acaba com Vasco Gonçalves lavado em lágrimas, como descreve o Diário de Lisboa (pag.5) do dia seguinte.
Dramática foi também a carta que Otelo lhe escreveu 24 horas depois: «Percorremos juntos e com muita amizade um curto-longo caminho da nossa História. Agora companheiro, separamo-nos. Julgo estar dentro da realidade correcta deste País ao assim proceder. (...) Peço-lhe que descanse, repouse, serene, medite e leia. Bem necessita de um repouso muito prolongado e bem merecido pelo que esta maratona da Revolução de si exigiu até hoje. Pelo seu patriotismo, a sua abnegação, o seu espírito de sacrifício e de revolucionário.»
O V Governo Provisório, que tomara posse dez dias antes, tinha as semanas contadas e não houve muralha de aço que lhe valesse. A 19 de Setembro, Pinheiro de Azevedo assumiria as rédeas do VI. O 25 de Novembro estava à vista.
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4 comments:
Pois ... Otelo, ao sabor das marés, o Iago da Revolução. Otelo, que sendo candidato, "confessou" ter votado não em si mas ... em Eanes (o homwm do 25 de Novembro). Segundo Otelo,com Eanes a democracia estava consolidada. Se não disse bem assim, a ideia era esta. O mesmo Otelo que "confessou" que estava arrependido de ter "feito" 25 de Abril ! Onde pára Otelo, ultimamente afastado dos holofotes e dos megafones ?
De vez em quando é bom recordar o que deveria ter sido o 25 de Abril.
Parabéns Joana. Hoje, a 40 anos de distância, talvez alguns que julgaram que estavam a lutar pela Liberdade e Democracia, após o 25 de Novembro, compreendam melhor porque chegamos à situação miserável em que estamos. Hoje a Democracia é uma farsa. As liberdades, tão faladas, são só para alguns, cada vez menos. A nossa independência não existe pois está cativa dos poderosos grupos financeiros que governam o mundo. A "temperar" toda esta situação, a Comunicação dita Social, está na mão desses mesmos poderosos. A censura, a omissão de factos, a distorção da realidade, a cultura, a campanha ideológica do sistema, impõem-nos o modelo do pensamento único. Jornalistas, comentadores, "politólogos", e outros que tais, para sobreviverem, ou por oportunismo, ou por incapacidade de pensar, venderam-se à máquina trituradora do grande capital. Os valores estão em crise, o egoísmo, a "competitividade", a flexibilização, e outras "invenções (para melhor explorar), deste sistema capitalista, sobrepõem-se aos direitos alcançados em lutas de muitas décadas, lutas, também, por valores progressistas. A Paz está permanentemente ameaçada. Mas há quem esteja melhor.
Portanto, oana, foi há 41anos...
Vítor Dias, o «post» tem data de 2015, como é visível aqui e como avisei quando voltei a divulgá-lo, ontem, no Facebook.
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