22.8.15

21.08.1986 — Alexandre O'Neill morreu há 29 anos



Que bom seria ouvi-lo hoje sobre estes tempos que agora passam, de o ver olhar este país, de perceber se as três sílabas de Portugal ainda são de plástico ou se já foram recicladas. Uma coisa é certa: o país continua engravatado todo o ano e a assoar-se à gravata por engano. 

Em jeito de homenagem: 

Caixadòclos

- Patriazinha iletrada, que sabes tu de mim?
- Que és o esticalarica que se vê.

- Público em geral, acaso o meu nome...
- Vai mas é vender banha da cobra!

- Lisboa, meu berço, tu que me conheces...
- Este é dos que fala sozinho na rua...

- Campdòrique, então, não dizes nada?
- Ai tão silvatávares que ele vem hoje!

- Rua do Jasmim, anda, diz que sim!
- É o do terceiro, nunca tem dinheiro...

- Ó Gaspar Simões, conte-lhes Você...
- Dos dois ou três nomes que o surrealismo...

- Ah, agora sim, fazem-me justiça!

- Olha o caixadóclos todo satisfeito
a ler as notícias...

Alexandre O'Neill, Feira Cabisbaixa, 1965

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