24.8.15

A ovelha Choné e as promessas



«Esta é a primeira campanha em que os líderes não prometem e fazem apenas "projecções". É também o símbolo da ideologia pelintra que guia o destino nacional nestes dias. A política segue agora, de forma jocosa, a forma agitada como a ovelha Choné agita a rotina enfadonha em que vive, no rebanho e na quinta. Os anúncios governamentais dos últimos dias têm assim muita graça, mas não tanta como ele julgava que teriam. O governo legisla sobre os mais idosos mas na prática isso só se poderá traduzir em algo de real se o Parlamento, na próxima legislatura, alterar o Código Penal. Inaugurou-se assim a anedota pitoresca da época eleitoral.

Descontente por não merecer atenção especial nos últimos meses, o ministro Nuno Crato também decidiu mostrar que não é um holograma e que existe. Assim decidiu anunciar que vai haver obras no Conservatório Nacional, uma atitude inteligente porque um dia destes teria de se construir uma escola nova. Crato, com o seu indefinido magnetismo de mestre da instrução primária, logrou inovar: o concurso para as obras só "deverá ser lançado" em Outubro e as obras só se farão para o ano. Depois das chuvas, presume-se. Ou seja, agora já não se inauguram estradas que não estão terminadas nem fazem duas inaugurações da mesma obra. Isso é "politicamente incorrecto" nesta era das "não promessas". Agora anuncia-se obras que talvez sejam outros ministros a fazer. Se estiverem para aí virados. Se o dinheiro da UE chegar. Se a degradação do Conservatório não for total em Março ou Abril. A ovelha Choné é a "spin doctor" da política nacional.»

Fernando Sobral

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