«Os Mínimos (ou os Minions, no original) só fazem sentido se existir um vilão. Como falam uma língua incompreensível não dizem coisa com coisa. A coligação governamental, unida no Pontal, resolveu ser uma espécie de Mínimos do cinema político nacional.
Passos Coelho fez mesmo um discurso tão claro como as frases emitidas pelos pequenos seres amarelos: "Não é preciso castigar os que trouxeram a troika. Hoje podemos premiar os portugueses pelo trabalho que eles fizeram e dizer que temos muita esperança no trabalho que ainda vamos ter, nos próximos anos, para todos podermos viver melhor". Isto é: para Passos pode-se castigar os vilãos da história: o PS. E pode-se premiar os portugueses "bons": votando no Governo que nos aliviou do inferno. Os cidadãos têm assim a hipótese de com a varinha mágica do voto condecorarem os que nos têm governado como salvadores da Pátria. Castigando os que em vez de impostos brutais e cortes nas pensões nos deram facilitismo e gastos supérfluos. Porque em matéria de dívida externa todos tentaram superar-se uns aos outros e hoje ela é muito maior do que nos tempos dos "pecadores" que não merecem os votos.
É este discurso redondo e vindo das trevas que vamos ter nas semanas que nos separam das eleições. É uma espécie de Guerra Fria temperada pelo Mediterrâneo. Se juntarmos a isso a gritaria que as presidenciais vão motivar ao mesmo tempo, Portugal não vai ser um festival de Verão: vai ser um Woodstock desvairado. O discurso radicalizado à volta de "nós ou o caos" diz bem da crise do pensamento político entre nós. Tudo se reconduz a frases feitas e ao facilitismo do curto prazo.
Portugal tornou-se um país "low cost" (na política, na economia, na cultura, na saúde, na educação), dependente dos humores dos juros dos mercados e do BCE, da capacidade exportadora e do turismo. Tendo como pano de fundo um fim triste do euro. Mas tudo se reconduz a uma luta entre o lado "branco" da Força contra o lado "negro". A coligação julga que a política é um capítulo do "Star Wars".»
Fernando Sobral
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1 comments:
Escreve FS "O discurso radicalizado à volta de "nós ou o caos" diz bem da crise do pensamento político entre nós." Substitua-se "pensamento" por "comentarismo" e temos o TINA ps(d)cds marginalizando a restante "realidade". Como se não houvesse mais vida, pensamento(s) político(s) e pessoas para além do colete de forças do alterne ps(d)cds e para lá dos PAF's e dos PLOF's. Porque a crise (para lá das aparênias) é a de certo pensamento político e a do sistema socio-económico que este defende.
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