Quando se fala agora da política grega quase apenas para perceber quem tem mais hipóteses de ficar à frente nas eleições do próximo dia 20, vale a pena recuar um pouco para não esquecer o que esteve de facto em jogo.
«É muito curioso que os líderes políticos da União Europeia (UE) e os seus porta-vozes tradicionais – políticos, economistas e grande imprensa – que durante décadas têm mantido e defendido determinado projecto, não tenham saudado com demonstrações de alegria e de confiança que a ordem irreversível foi mantida com a humilhante derrota infligida ao governo e ao povo da Grécia.
O primeiro-Ministro Alexis Tsipras foi derrotado e submetido a um "sacrifício ritual" pelo ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, que actua como o "guardião do templo" de um fundamentalismo de mercado que é a verdadeira natureza da UE, que não tolera o menor desvio ou interpretação do dogma.
Excepto esses guardiões do templo, ninguém na UE parece realmente feliz ou satisfeito com esta vitória esmagadora. Basta dar uma vista de olhos ao que muitos euro-crentes escreveram na "grande imprensa" – o que faremos mais tarde - para entender que se tratou de uma vitória pírrica e que, se o Syriza e do povo grego foram derrotados e humilhados, isso teve o elevadíssimo preço de expor à luz do dia o sistema antidemocrático da UE, a sua rigidez institucional e o insensato dogmatismo que levou até mesmo a que se criasse um mecanismo de negociação sem existência legal – o Eurogrupo – para "asfixiar mentalmente" (mental waterboarding) os representantes governamentais dissidentes, neste caso de um governo que só procurava proteger o seu povo das políticas brutais de austeridade que tem sofrido, dia após dia, ano após ano, e renegociar uma dívida ilegal e impagável.»
Na íntegra aqui.
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