«Pronto, lá passou o tal "debate decisivo" que a nossa comunicação social andou a apregoar com sondagens e discurso de tudo ou nada. (...)
Eram 20h10 e todos estavam tensos e prontos para o duelo, apesar do receio pelo facto de existir a possibilidade de Sócrates sair a correr pela porta de casa, de fato de treino, e pisgar-se a correr pela rua, só para atrapalhar o debate.
Eram 20h25, o debate ia começar, Passos tinha pedido água muito gelada, talvez com a esperança de ficar sem voz e fazer só meio debate. O meu primeiro reparo, em termos de transmissão televisiva, ia para a janela com a senhora da língua gestual. Acho que não devia estar lá. Tudo bem que o Passos e o Costa nos enganem, agora, enganar surdos-mudos! Poupem as pessoas. (...)
Passos rezava pelo fim daquilo e os últimos minutos do debate foram a parte mais insossa, muito por culpa dos jornalistas. Cada um tinha uma pergunta final, mas acabaram por fazer como o indivíduo que tinha um último desejo para pedir, antes de ser fuzilado, e desejou saber que horas são. Judite perguntou se Costa ia visitar Sócrates a casa, o que, como sabemos, é um tema crucial em termos europeus e assunto incontornável quando se trata de falar de desemprego.
Se quiserem um resumo do debate, podemos dizer que Costa parecia aquele gordo que andámos meses a insultar, e a gozar - na escola - até que, finalmente, se levanta da carteira e dá-nos uma sova. (...)
Percebe-se agora porque Passos queria fugir dos debates como da peste. Há quem diga, perante a surpresa do resultado do debate: "Mas o Passos até é bom na Assembleia" - Grande feito. Na AR, o PM está com a matilha, tem a Sininho a apitar e, acima de tudo, o Ferro Rodrigues a liderar a oposição.»
João Quadros
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