«O Photoshop tem 25 anos. Mudou, para sempre, o mundo da manipulação das imagens. Antes, retocar uma foto só estava ao alcance dos grandes manipuladores. Estaline apagava quem queria do passado comum.
A política também se apropriou do Photoshop. Tudo é possível maquilhar e transformar. A linguagem também mudou: aquilo que antigamente era uma mentira transformou-se, bondosamente, numa inverdade.
Nestes últimos dias de campanha eleitoral a caixa de Pandora abriu-se e derramou algum do Photoshop que o Governo e a coligação PSD/CDS utilizou durante anos. Com o Photoshop o Governo apagou Frankenstein e tentou surgir se fosse Scarlett Johansson. Não conseguiu. As máscaras estilhaçam-se. (...)
Portas conseguiu mesmo tornar o Photoshop uma arma eleitoral ao referir que os desempregados são agora menos do que quando entrou em funções, driblando a sangria de centenas de milhares de portugueses que debandaram do país devido à crise. Pormenor irrelevante, mas tão chato como uma mosca que não nos larga em tempo quente. É assim que a coligação PSD/CDS vai levando a água ao seu moinho.
Platão dizia que o objectivo da política era tornar as pessoas melhores seres humanos e melhores cidadãos. Em suma: a política tinha como maior objectivo elevar moralmente a comunidade, algo que deveria unir cidadãos e líderes. É tudo isso que a política do Photoshop aliena. E distorce.»
Fernando Sobral
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