«Tal como tinha previsto aqui neste local, faz hoje uma semana, Cavaco indigitou Passos e, num acesso de raiva, passou o BE e o PCP para a clandestinidade. (...)
Este "novo" Governo de Passos e Portas é como o meu frigorífico: cheio de iogurtes e leite na semana em que estão os miúdos, tudo para deitar fora na semana seguinte. Vão ser apenas quinze dias mas vai ser inesquecível. Basta ver o que aconteceu na eleição de Ferro Rodrigues para PAR. Quase que houve bulha. Vai ser melhor do que ver a bola. Finalmente, vale a pena ver o canal Parlamento. (...)
Confesso que dá um certo prazer conhecer melhor este Governo porque dá ainda mais noção do que nos livrámos. Olhamos para eles como se fosse a feijões. Não fosse sabermos que é só meia dúzia de dias, já todos tínhamos entrado em depressão só de imaginar o que seriam quatro anos deste "novo" ministro da saúde, que parece que foi acampar para Chernobyl. Há que reconhecer que, pelo menos, Passos Coelho tem escolhido ministros da saúde que não fazem inveja aos doentes.
Nos nomes "novos", destaco, no Ministério das polícias, Calvão da Silva, conhecido benemérito responsável pelo parecer que atestou da idoneidade do Salgado, o que faz dele a única pessoa naquele Governo que leva mala para mais de quinze dias. Calvão da Silva foi o homem que justificou o cheque de 14 milhões que Salgado recebeu, de um conhecido construtor, como "uma prenda". Portanto, eu sei que são só quinze dias, mas convém estar com atenção, não vá o ministro Calvão fazer anos duas vezes nestas semanas.»
João Quadros
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