«São muitos os relatórios publicados recentemente sobre a distribuição do rendimento e da riqueza mas, em todos os casos, de uma forma ou de outra, a conclusão é a mesma: desigualdade. Tanto no âmbito mundial como no nacional, apresentam-se valores arrepiantes e um pouco obscenos e as diferenças têm aumentado com a globalização e, nos últimos anos, com a crise. Há poucos dias, o Crédit Suisse divulgou o seu relatório sobre a riqueza global correspondente a 2015, do qual se depreende que o 1% mais rico da população tem 50 % da riqueza global, ou seja, a mesma percentagem que 99%; e que 71% dos mais pobres – 3.386 milhões de pessoas – possuem apenas 3% da riqueza do planeta. (...)
Os dados confirmam algumas coisas que já sabíamos. Em primeiro lugar, que não entrar na União Monetária foi benéfico para alguns países – pelo menos para as suas classes mais baixas – e que outros, como a Espanha, fizeram um mau negócio adoptando a moeda única. Em segundo lugar, que a política de austeridade e a chamada depreciação interna, que a partir de Berlim e de Frankfurt foram impostas a algumas economias, castigam de forma muito desigual os cidadãos, em comparação com a depreciação monetária, a qual, embora empobrecendo os nacionais face ao resto do mundo, não altera a distribuição do rendimento e da riqueza interna.
Este é um dos principais problemas criados por uma união monetária sem integração fiscal, que aumenta as desigualdades, tanto entre os Estados e como entre os cidadãos de cada um dos países, e este é o futuro que nos espera enquanto existir o euro. O anúncio de qualquer recuperação económica soa a falso para milhões de espanhóis que viram piorar gravemente a sua situação económica e que não vislumbram a possibilidade de um retorno ao ponto de partida, mas que antevêem que a ameaça de mais ajustes e cortes permanece dentro da moeda única.»
Na íntegra aqui.
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