«O novo Governo de Passos Coelho pode ser definido pelo novo Ministério da Cultura, Igualdade e Cidadania. Ou seja, o Ministério da Saldada Russa.
Este Governo surge como uma caixa de crocantes de frango com recheio cremoso de queijo e fiambre. Pré-congelado, é claro. Neste Governo de minoria absoluta juntam-se ministros inamovíveis, militantes que têm de fazer pela vida no partido e deputados ou profissionais liberais que têm onde regressar se tudo correr pelo pior. (...)
Independentemente do futuro maior ou menor deste executivo anémico, a criação do chamado Ministério da Cultura, Igualdade e Cidadania diz muito sobre a visão de Passos Coelho sobre a sociedade "aberta" (nos dias em que os seus ideólogos seguidores de Karl Popper o influenciam) que quer criar em Portugal. Vozes cândidas e distraídas ficaram impressionadas com a criação do Ministério da Salada Russa, ou MCIC. Mas a centrifugação da Cultura, da Igualdade e da Cidadania mostra o que Passos Coelho pensa sobre a Cultura: é um adereço, uma pevide de uma abóbora maior, as penas de uma galinha, uma palavra sem conteúdo.
Passos Coelho não vê a Cultura nem como uma actividade económica fulcral para o turismo. É uma chatice. Mas isso é algo que não surpreende num político que poderíamos considerar um homem de "talento sério e robusto", como Eça de Queiroz descreveu tantas das suas personagens. Só surpreende porque, na sua austeridade intelectual, Passos não criou também o Ministério da Defesa, da Educação e da Ginástica ou o Ministério da Justiça, dos Estaleiros Navais e dos Torresmos. Tem tudo a ver…»
,Fernando Sobral
.
0 comments:
Enviar um comentário