«A meio do novo filme de 007, "Spectre", no deserto do Sahara, a doutora Swann vira-se para James Bond e faz-lhe uma pergunta retórica: "E agora, o que é que fazemos?" Todos sabem a resposta, porque os filmes de Bond, cheios de aventuras, são previsíveis. (...)
A política portuguesa não é, por estes dias, tão previsível como um filme de 007. Mas tem tanta emoção. Aqui, no meio da nossa parada política, há mortos que estão vivos e há mesmo alguns que aparentam estar vivos mas que, na realidade, são fantasmas errantes.
Um mês depois das eleições temos um Governo que parece estar nos cuidados intensivos e as incógnitas são maiores do que as certezas. O país parece preso por um piquenicão na Mealhada, por um acordo que não se sabe se existe e pela sobrevivência de um Governo que não se sabe se dura 10 dias ou se é mantido em vida vegetal em forma de gestão prolongada. É isso que faz de Portugal um país pequenino. (...)
Em "Spectre" sabemos quem é o bandido: Franz Oberhauser. Por aqui não sabemos ainda por onde paira o OE, o vilão que costuma aumentar impostos em nome da dívida que não pára de aumentar. Mas, enquanto isso, estamos no meio do deserto à espera que algo aconteça em São Bento. Ou que Francisco Assis prometa leitão grátis para todos.»
Fernando Sobral
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