21.12.15

Banif e não só



«Há um prejuízo ainda não contabilizado gerado pela gestão de Passos Coelho e Paulo Portas, com Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque, a troika e os ideólogos de serviço em algumas universidades portugueses que tornaram Portugal num laboratório pretensamente liberal.

Mas que nada tem a ver com aquilo que Adam Smith vislumbrava. O rebentamento do "caso Banif" e o que mais se verá a seguir mostram o pântano onde Portugal se foi atolando.

No passado recente Portugal contratou a sua pobreza futura. Não foi uma rosa que Passos legou: foram apenas os seus espinhos. A bomba de efeito retardado está a rebentar nas mãos do novo Governo e dos portugueses. O Banif há muito que deveria ter sido vendido, para evitar este sangramento em praça pública. A célebre "resolução" que Bruxelas e Frankfurt celebraram terá o fim das tristes ideias como Wokfgang Munchau demonstrava esta semana no "FT" quando falava do suicídio de um cliente de um banco italiano que transformou um caso financeiro, num social e político. E, como dizia ele, sendo assim, não há soluções de "resolução" que resistam. A Europa vai ter de mandar às malvas a sua política cega de austeridade. E foi isso que o PSD de Passos não quis ver. E ainda não quer ver. (...)

Afastando-nos dos EUA e aliando-nos apenas às opiniões da Alemanha. Portugal tornou-se periférico, empobrecido económica e culturalmente, e fornecedor de mão-de-obra qualificada para outros países europeus. Pagando os contribuintes portugueses o que os outros contratavam sem formar. Por detrás irrompeu um novo mundo de "negócios" à sombra do Estado, afastado o Dono Disto Tudo.»

Fernando Sobral

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