Duas espertezas saloias. (Francisco Louçã)
«O governo Costa fez um acordo com a dupla Neeleman-Barbosa na TAP, ficando a deter metade da companhia, e isso foi festejado pelo PS como uma vitória. Sabe-se agora que uma cláusula importante desse acordo não foi referida quando ele foi tornado público: uma empresa chinesa, a Hainan Airlines, foi autorizada a comprar 23,7% do consórcio privado, e ficará assim com 10% a 13% da TAP. Este esquecimento de comunicação à opinião pública foi uma esperteza saloia.
Mas é interessante que esta revelação desencadeasse outra esperteza saloia, esta muito ressabiada. Passos Coelho, na senda da sua renascida SDS, social-democracia sempre, veio logo considerar a operação “a todos os títulos reprovável”. O homem dar-se-á conta de que esta trapalhada sublinha como a TAP foi vendida a quem não tinha dinheiro para a comprar? E que o seu governo, que fez na TAP um dos mais reptilíneos negócios dos últimos dias de mandato, é o primeiro atingido por esta notícia?
Passos Coelho foi o primeiro-ministro que mais propriedade estratégica vendeu a empresas chinesas. Poderá considerar-se aliás que foi o político português que estabeleceu as relações mais rentáveis que o Partido Comunista Chinês jamais teve com o nosso país, mordomia estendida a algumas empresas privadas chinesas»
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