«Passos Coelho disse no Parlamento que é o garante da unidade da esquerda. A declaração é surpreendente. Sobretudo num homem que tem demonstrado não ser capaz de grandes lucubrações e exibe com regularidade um pensamento bastante linear.
Dá ideia de que, por uma vez, ele percebeu a complexidade da realidade. Ou então alguém lhe fez um desenho.
De qualquer modo é isso mesmo. Acertou. A direita portuguesa, que ele tão bem representa, não só é o garante da unidade da esquerda como, com a aprovação do Orçamento do Governo de António Costa, conseguiu realizar um inesperado paradoxo. O radicalismo da direita gerou bom senso na esquerda radical. (…)
A estratégia de irrelevância e cedência seguida pela direita não é só um erro, é uma investida objetiva contra Portugal. É uma desvalorização do país. Ora é esse ataque aos interesses nacionais que levou a esquerda radical a apoiar um Governo que não é o seu, mas com o qual foi possível estabelecer um acordo de recuperação e defesa da nação soberana. Um dia, quando passar a fase da frustração, a direita vai perceber isto. E vai perceber também que se Passos Coelho é o símbolo, e a prática, da perda nacional, e, por consequência o aglutinador da esquerda, tem de ser removido. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa já o percebeu e, conhecendo-se a sua mecânica, tudo fará para que isso aconteça.
É por isso que a declaração de Passos no Parlamento é tão interessante. Por uma vez parece ter percebido o que está em causa. Mas, por outro lado, revela o lado patético do seu empreendimento. Imagina talvez que a "geringonça" da esquerda não vai funcionar e, mais cedo do que mais tarde, irá regressar ao poder e voltar a castigar, eventualmente com ainda mais raiva, os portugueses. Percebeu mal. É que precisamente enquanto ele se mantiver à frente do PSD e das câmaras televisivas que o seguem por todo o lado, a esquerda não vai ceder. Nunca.»
Leonel Moura
.
1 comments:
Concordo, há que ser justo: não pode ser só e sempre a bater bater bater no homem!
Enviar um comentário