2.2.16

Pode alguém ser quem não é?



«Aristóteles situava a virtude no centro. O que não quer dizer que era centrista. Considerava sim que os homens com valor encontravam a virtude sem ambiguidades nesse lugar central entre a temeridade e a cobardia.

Aristóteles sabia o que dizia. Foi ele que desenhou o mapa da ética e, ao fazê-lo, marcou a política para sempre. O centro exige um equilíbrio constante, especialmente se a esquerda e a direita se movem. Ser do centro não significa que não se tenha princípios ou ideologia. É um lugar de segurança e bom senso. Não é por acaso que o centro foi construído, nas democracias modernas, à imagem e semelhança das classes médias. As que queriam um presente e um futuro em que pudessem confiar.

Como se transforma então um político extremista num centrista? É isso que, pelos vistos, Passos Coelho quer fazer, colocando uma máscara, fazendo uma plástica ou simplesmente mudando o excel do seu discurso. Será possível? Passos acredita que, ao contrário de Paulo Portas, que não se fechou um ciclo político.

Por isso recandidata-se e, acredita que, vestindo um fato de Batman ou de Darth Vader, se transformará no homem do centro do PSD. Depois de ter seguido uma política marcadamente ideológica (de uma direita pretensamente liberal), Passos quer mostrar que o PSD "continua a ser um partido social-democrata". Tudo aquilo que esteve a demolir durante quatro anos de governação, onde os princípios sociais-democratas foram atirados para o incinerador.

Pode alguém ser quem não é?»

Fernando Sobral

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