N.B. – Este texto, que ainda não encontrei na net, foi-me fornecido, no
Facebook, por Rodrigo Sousa Castro.
A
Associação 25 de Abril, fundada por militares de Abril, é uma associação que
desenvolve as suas actividades no campo cultural e cívico e não no campo
militar, ainda que procure dar também uma atenção especial a tudo o que se
relaciona com as Forças Armadas e a Defesa Nacional (cumprindo assim o
estabelecido nos seus estatutos).
Aliás, há
momentos em que todos esses campos se misturam, se entrelaçam, sendo difícil
isolá-los uns dos outros.
O caso da
apresentação do pedido de demissão, por parte do general Carlos Jerónimo, do
cargo de Chefe do Estado Maior do Exército é precisamente uma das situações em
que a Associação 25 de Abril considera dever pronunciar-se publicamente.
Tudo teve
origem em declarações públicas do subdirector do Colégio Militar que, podendo
ser consideradas imprudentes e não “politicamente correctas”, foram deturpadas
e deram origem às já naturais demagogias de alguns grupos de pressão,
devidamente apoiados por algumas forças políticas.
Seria,
aliás, interessante analisar quem provocou estas declarações e as razões
escondidas porque o fez. Isto é, qual o objectivo pretendido ao provocar todo
este alarido. Desde logo, podemos apontar duas hipóteses: A criação de
justificações para provocar alterações na Direcção do Colégio Militar e na Chefia
do Exército, ou o desviar atenções de escândalos que é preciso esquecer
rapidamente… E, se assim foi como se admite que tenha sido, lá vieram logo
alguns a morder a isca e a fazer o alvoroço que convinha.
Não se
esperava é que o ministro da tutela, isto é, o Ministro da Defesa Nacional
alinhasse na mesma tecla, desse voz à demagogia e tivesse uma inabilidade
extraordinária, mostrando não perceber nada da psicologia dos militares.
Em vez de
procurar resolver o problema internamente, decidiu “encher o peito” e vir para
a comunicação social exigir explicações ao responsável maior do Exército, o seu
Chefe do Estado Maior. Abusando ainda da sua posição de tutela e procurando
intervir directamente na acção de comando que não lhe compete.
Teve a
resposta que é própria dos militares com aprumo e coluna vertebral: o Chefe do
Estado Maior perdeu a confiança no seu ministro e bateu com a porta.
Sintomaticamente,
talvez porque o objectivo a alcançar é mesmo acabar com o Colégio Militar, como
já acabaram com o Instituto de Odivelas, não assistimos à onda de indignação de
tudo o que é “comentador político”, como se verificou no caso da ameaça de
bofetadas feitas por um outro ministro, no caso o Ministro da Cultura.
Felicitando
o general Carlos Jerónimo pela atitude firme, que o dignifica não só a si mas
também ao Exército e às Forças Armadas, fazemos votos de :
• Nomeação
pelo Governo de um novo Chefe do Estado Maior do Exército, que continue o
meritório trabalho que o seu antecessor vinha desenvolvendo.
•
Continuação da acção educativa e formadora do Colégio Militar, com a sua
manutenção na esfera do Exército, que não teme a comparação com qualquer outro
estabelecimento de ensino da mesma natureza. Nomeadamente na não descriminação
de qualquer natureza, de acordo com o estabelecido na Constituição da República
Portuguesa.
• Que o
Ministro da Defesa Nacional compreenda de vez que subordinação das Forças
Armadas ao poder político não significa subserviência. O que implica, entre
outras coisas, o respeito pelas respectivas competências e a não interferência
abusiva nas competências dos subordinados.
Os
militares têm como um dos princípios sagrados da sua acção esse procedimento.
Saiba o MDN
compreendê-lo e praticá-lo igualmente.
Porque, se
o não souber fazer, terá – ele ou quem o superintende - de retirar as óbvias
conclusões…
Lisboa, 13
de Abril de 2016
O
Presidente da Direcção
Vasco
Correia Lourenço
PS. Aproveita-se
para esclarecer uma noticia do Jornal I de hoje:
1. Nunca o
coronel Vasco Lourenço fez qualquer apelo para que nenhum general aceite ser
Chefe do Estado Maior do Exército.
À colocação
da questão de que se sabia haver movimentações nesse sentido, limitou-se a
dizer “há quem defenda isso, por mim acho que seria desejável, mas não acredito
que isso se verifique”.
2. Nem o
coronel Vasco Lourenço nem muito menos a Associação 25 de Abril estão
envolvidos na preparação de qualquer manifestação contra o governo, no 25 de
Abril ou noutra qualquer ocasião.
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