«Quarenta anos de ditadura fizeram muito mal à Espanha e continuam a fazer. E um desses males é que mantém até hoje, neste país, uma visão da história da Espanha e da Europa muito conservadora, que não corresponde nem à história real de Espanha nem à da Europa. O facto de não ter havido uma "desnazificação" da Espanha explica que predomine, a nível popular, um franquismo sociológico que surge mesmo, de vez em quando, em vozes que se consideram ou se autodefinem como de esquerda. Continua-se a falar em Espanha de franquismo em vez de fascismo, confunde-se estalinismo com comunismo, não se sabe o que é o socialismo e ignora-se o protagonismo do Partido Comunista na luta contra a ditadura na Espanha. A enorme oposição das direitas à recuperação da memória histórica tem precisamente como objetivo propagar a visão conservadora (reprimindo a leitura progressista) do que aconteceu em Espanha e na Europa. (…)
O vazio criado pela social-democracia espanhola e a sua adaptação ao neoliberalismo esteve na base do protesto popular e da exigência de recuperação do projeto original, claramente abandonado pelo aparelho do PSOE. Daí a urgência de uma rebelião dos eleitores dessa opção política (na sua grande maioria pessoas claramente de esquerda) contra o aparelho do partido, para forçarem um movimento do PSOE no sentido da esquerda, evitando que crie obstáculos à criação de um governo das esquerdas, que será provavelmente possível num futuro próximo.»
Vicenç Navarro
Na íntegra aqui.
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