«Todos queremos descobrir monstros. Virtuais, como no caso do Pokémon Go. Ou reais, como os que surgem nos ecrãs de televisão sem pedir licença. Não é por acaso.
Os monstros digitais do Pokémon Go fizeram com que os jogadores saíssem do conforto das suas cadeiras e chocassem com o mundo real. Os caçadores descobrem agora que o mundo virtual não é o princípio e o fim da nossa vida. Poderia ser uma experiência para quem vive liofilizado num mundo irreal, desde os técnicos do FMI aos burocratas de Bruxelas, de José Sócrates a Passos Coelho, de Schäuble a Boris Johnson ou Jeroen Dijsselbloem. Quem são eles: Pokémons reais ou virtuais? Não se sabe. Porque hoje, na política e na economia, já é difícil distinguir a realidade da ficção. O real deixou-se devorar pela ilusão. Estamos a assistir, quase sem darmos conta, de uma classe política a procurar monstros ilusórios para justificar as suas próprias ilusões. Os Pokémons servem na perfeição para se iludir os próprios problemas.
Wolfgang Schäuble é o Pokémon ideal para António Costa. Serve para acalmar o BE e o PCP na titânica tarefa de tornar a contabilidade orçamental comestível em Bruxelas e no Parlamento português. Portugal pode gesticular que os Pokémons estão em todos os andares de Bruxelas e Frankfurt e que invadiram Berlim, mas o certo é que se as contas finais não satisfizerem esses monstrinhos que vestem de cinzento, os portugueses deixarão de ter dinheiro para descarregar jogos para os smartphones.»
Fernando Sobral
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