1.7.16

Perdidos na transição



«O Reino Unido votou e decidiu sair da União Europeia (UE), ao contrário do que eu tinha previsto na crónica da semana passada. (…)

Aquela gente não faz a menor ideia de onde está ou do que lá vem. No fundo, o Reino Unido está "Lost in Translation". O Reino Unido é o actor Bob Harris deambulando num universo desconhecido, com o seu velho estilo, de copo na mão, tentando fazer o que sempre fez, mas numa situação em que ninguém compreende o que diz e em que não consegue compreender nada. Está naquele semiestado de sonho de quem saiu de uma anestesia, mas sem a miúda gira para compensar. Estão perdidos na transição.

Não quero ser fatalista, mas bastou saírem da UE e já nem são a melhor ilha a jogar à bola. Eu até pensei que, no final do jogo com a Islândia, ia acontecer como com as selecções cubanas e metade dos jogadores ingleses desertavam e pediam asilo. E com a xenofobia que anda lá pela ilha aposto que ainda vão tirar a Björk do Madame Tussauds.

A decisão está tomada, deve ser respeitada. Não sei quem passou mandato a Junker para fazer piadas e ameaças à decisão livre de um povo europeu. Foi confrangedor. O principal rosto do sim ao Brexit, Nigel Farage, respondeu a Junker, dizendo: "Vocês, enquanto projecto político, estão em negação. Até a vossa moeda é um falhanço." Nigel Farage é o puto irritante, racista, xenófobo, asqueroso que gosta de fazer bullying mas, infelizmente, faz também o papel do miúdo que diz que o rei vai nu. Não há moral da história que aguente.»

João Quadros

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