«Não é só na América do Norte que topamos com a crise da democracia. Na América do Sul de língua portuguesa também. E não é preciso ultrapassar o Atlântico e ficarmos estupefactos com a vitória de Trump. Tivemos à nossa porta, na Itália há bem pouco tempo, o exemplo de Berlusconi. E algumas figuras portuguesas deram também um triste espectáculo na política nacional e internacional, como Durão Barroso.
O “sistema” mantém-se: o dinheiro tudo move e, com base nele, forma-se uma “sociedade do Espectáculo”, matando a cultura como interpretação crítica da realidade. Há dias uma dita especialista dizia que era preciso desenvolver a cultura e a educação pois sem ela não haveria desenvolvimento económico. Afinal foi um discurso desse tipo que fez nascer a União Europeia, que teve como pecado original a Comunidade Económica Europeia. Esta “Europa” não nasceu com base na formação de uma cultura europeia, feita de unidade e de diversidade. Nasceu tendo como mira o desenvolvimento e o poder ou os poderes, que naturalmente se digladiam. Daí o “Brexit”, que é o epílogo de um Reino Unido — sempre na Europa e fora dela — que considerou preferível sair, como afirmação da nacionalidade, mas também por uma questão de poder, apesar do domínio da língua inglesa e de apoiar a política americana na lógica neoliberal, que o fez inclusivamente pensar num “socialismo moderno”, com base nas doutrinas pragmáticas de Tony Blair e do seu conselheiro Giddens. E também foi ela que ajudou os aliados americanos a hastear o pavilhão de pólvora do Iraque, até com uma ajudinha do Portugal de Barroso, que com eles se reuniu nas Lajes.»Europa e crise da democracia.»
Luís Reis Torgal
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