A propósito de uma conversa recente sobre as primeiras eleições em democracia, retomo um «post» que publiquei já há algum tempo.
Há 42 anos, viviam-se os últimos dias da primeira campanha eleitoral em liberdade: em 25 de Abril de 1975 tiveram lugar as eleições para a Assembleia Constituinte.
A imprensa da época relata as inúmeras sessões de todos os partidos, um pouco por todo o país e recorde-se que foram muitas as interferências de uma parte do clero português quanto a intenções de voto, sobretudo a Norte. Mas até o Rádio Vaticano se pronunciou: o Diário Popular de 17 de Abril citou declarações da emissão portuguesa daquela rádio, segundo as quais «os católicos portugueses não devem dar o seu voto a partidos cujas opiniões e métodos são incompatíveis com as determinações cristãs do homem e a sua vida social. (...) Ninguém ainda conseguiu demonstrar que a visão católica (...) pode ser reconciliada com ideias marxistas». (*)
Não me admirava nada que este tipo de pressões tenha tido alguma influência nos resultados obtidos.
(*) Adelino Gomes e José Pedro Castanheira, Os dias loucos do PREC, p.78.
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