«Esta é a questão que coloca, muito seriamente, a revista "L'Obs". A poucos dias das eleições Marine Le Pen e Emmanuel Macron estão à frente nas sondagens, mas têm muito perto François Fillon e Jean-Luc Mélenchon.
Ou seja, da extrema-direita à extrema-esquerda todos podem vencer. Os patrões franceses, segundo um inquérito do "L'Expansion" preferem Fillon ou Macron. Mas resta saber o que pensam os franceses no geral. Na "L'Obs", Serge Raffy observa: "Um pequeno fenómeno, chamado Jean-Luc Mélenchon, veio virar o jogo. O 'pequeno pai dos povos' da França insubmissa, no papel de raposa no galinheiro, provocou um forte pânico nos estados-maiores. Mélenchon encontra-se no centro do jogo, uma espécie de árbitro das elegâncias eleitorais, testemunha da segunda divisão que se tornou actor principal".
No "El Mundo", Arcadi Espada argumenta: "Isto quer dizer o impensado, o impensável: que Marine Le Pen ou Jean-Luc Mélenchon possam ser presidentes de França é uma possibilidade real. Há uma maneira brutal de descrever esta possibilidade: depois de 1945 o fascismo e o comunismo voltam a competir frente a frente na Europa. Mélenchon e Le Pen só são a versão vermelha e negra do mesmo desembrulhar populista. Ou para dizê-lo em linguagem de ontem: a mesma crise das democracias. Por estes dias, e salvo nos comícios de Macron, em França só se fala de nação e de identidade. A decadência é imparável". No meio está Emmanuel Macron, cada vez mais considerado o candidato que pode conquistar votos à direita e à esquerda. Num dos seus comícios desta semana, em Paris, ele foi claro: "Como De Gaulle eu escolho o melhor da esquerda, o melhor da direita e mesmo o melhor do centro". E acrescentou: "Eu não sou de um lado ou de outro, eu sou pela França". A seu favor citou Lech Walesa, Vaclav Havel, Bob Dylan, Michel Rocard, François Mitterrand e Jacques Chirac. Chegará?»
Fernando Sobral
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