«Um muro diz “SÊ REALISTA, EXIGE O IMPOSSÍVEL!” E esta sentença é a fórmula do mais infinito de uma álgebra política, a nossa, que põe, como todas as álgebras, a meta abstracta para equacionar uma progressão concreta.
Avançamos, corremos de mais às vezes (não podia deixar de ser), corrigimos, deixando para trás um Portugal burocrático e levantando um país em criação contínua e livre. E o nosso rosto social modifica-se, parece outro; os acontecimentos não nos dão descanso e arrastam-nos, criam mais a seguir.
Importante é que neste tropel, arraial, sementeira, alvorada, tenhamos descoberto a força criadora do povo e a sua imaginação corajosa. Descobrimos essas coisas frente a frente e no em cima da hora, nós que por vezes tínhamos do povo uma ideia só histórica e mais ou menos iluminada de entusiasmos ou de cepticismos pequeno-burgueses. Mas agora estamos a aprender o país. A televisão, a imprensa, a rádio e os media partidários mostram-nos o fórum dos trabalhadores, ensinam-nos através da produção. Diariamente, os governantes dão conta aos governados e, diariamente também, dos bairros, das escolas e das casernas saem ideias novas, gente ao vivo. Na mais analfabeta das aldeias há soldados que abrem avenidas.»
In: E agora, José?, Moraes Editores, pp. 268-269.
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