«Não me incomoda o salário de ninguém nem defendo leis que estipulem salários no privado, para lá daquela que existe para determinar um salário mínimo obrigatório.
Mas é olhando para uma empresa onde existe muita gente a ganhar pouco mais do que o ordenado mínimo que se percebe como há ainda um longo caminho a percorrer. Quem mais ganha, ganha cem vezes mais do que o ordenado médio da empresa. Se compararmos com o caixa do supermercado dessa empresa, a diferença será maior.
Para ver se percebemos! Mesmo para um defensor da iniciativa privada, como eu, não pode ser moralmente aceitável que na mesma empresa alguém precise de trabalhar oito ano para receber o vencimento do chefe máximo num só mês. Para evitar perigos como Trump, Le Pen e outros quejandos não é preciso procurar antídotos na retórica política. O que se joga nas democracias é a organização da sociedade, a satisfação do bem comum e uma certa ideia de justiça. (…)
Em matéria de disparidade salarial, na União Europeia, só a Polónia, a Roménia e Chipre estão pior do que nós. No extremo oposto está a Bélgica no meio dos países nórdicos (Finlândia, Dinamarca e Suécia). Os dinamarqueses são, nem por acaso, os que se dizem mais felizes entre todos os europeus. Repartem melhor a riqueza produzida, gerem muito bem o tempo gasto a trabalhar, em lazer e com a família. Lá também há ricos, mas há uma repartição mais justa da riqueza.»
Paulo Baldaia
.
0 comments:
Enviar um comentário