30.9.17

Quando votos das autárquicas chegaram a Lisboa… a cavalo



Eu já contei esta história há uns anos, mas nunca a esqueço em véspera de eleições autárquicas. Julgo que amanhã se votará pela 12ª vez, mas confesso que recordo sobretudo as duas primeiras: 1976 pela novidade e porque foi a única em que me candidatei ao que quer que seja (pelos GDUP, à CML, com enorme probabilidade de ser eleita, como se imagina...) e a seguinte, em 1979, por uma historieta deliciosa.

Por razões profissionais, estive durante alguns anos ligada ao processamento dos resultados eleitorais, então efectuado no Centro de Informática do Ministério da Justiça. Viviam-se semanas épicas na preparação de todos os processos, noites ainda mais épicas quando a data chegava e é quase surreal recordar hoje a dificuldade, o pioneirismo e o stress com que tudo se passava.

O apuramento era especialmente longo no caso das autárquicas pelo número de candidatos e lugares envolvidos e, em 1979, estive mais de 24 horas na Gulbenkian sem abandonar o meu posto. Muitíssimo tempo depois do fecho das urnas ainda faltavam os dados de quatro freguesias e, às 16:00 do dia seguinte, nada se conseguia saber acerca de uma delas, localizada bem a Norte do país, salvo erro em Trás-os-Montes. Primeiro faxes, depois telefonemas para o respectivo Governo Civil... tudo inútil, ninguém encontrava o rasto do presidente da única mesa onde se tinha votado. Até que, bem mais tarde, o inesperado aconteceu: o homem acabou por chegar, em pessoa, ao Ministério da Justiça em Lisboa. Tinham-lhe dito que era ali que os dados eram processados e ele pôs-se a caminho. Trazia a urna ainda fechada e tinha deixado à porta… o cavalo que o transportara desde casa!

Foi no século passado, sim. Mas há menos de quatro décadas.
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1 comments:

artnis disse...

E apostaria até que o cavalo seria o "Pegasus"!...a mitologia tem destas coisas !!!