20.10.17

Frase Charlie



«Foi uma semana politicamente intensa, se é que alguma coisa pode ter intensidade depois de termos visto mais um incêndio gigantesco e quase meia centena de mortos.

A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, finalmente, demitiu-se. A frase: "Para mim, pessoalmente, seria o caminho mais fácil. Eu ia-me embora, ia ter as férias que não tive" teve mais peso que todas as tragédias. Houvesse um SIRESP, a funcionar, que alertasse para frases fatais e as sirenes teriam soado bem alto. Enquanto a ministra não teve férias, muitas pessoas ficaram sem trabalho porque as fábricas, em que trabalhavam, arderam. Morreram mais de 100 pessoas, acho que, por mais férias que a ministra tire, nunca mais vai dormir em condições.

Se a ministra esteve mal, Costa esteve pior. Quando, a meio da noite, se esperava que o PM surgisse a pedir desculpa pelo que estava a acontecer e que mostrasse a sua dor e solidariedade para com os que estavam a sofrer, apareceu o António Costa em formato aparelho socialista. Arrogante, desdenhoso. Aliás, eu já estava à espera há algumas horas que o PM aparecesse, até comentei: se calhar, está na altura de aparecer alguém do Governo a dizer qualquer coisa. Se fosse o Marquês de Pombal, já tinha aparecido. Nem que fosse por razões políticas. Ainda aparece a Assunção Cristas a combater o fogo em Gouveia e está ganho.

Depois lá apareceu o PM e Costa parecia aquela boca de incêndio que não deitava água. O discurso de António Costa foi como aquele indivíduo que veio cá arranjar o esquentador, mas nem lhe tocou: "vocês dão cabo destes esquentadores. Deve ser o 'chip', mas depois vem cá um colega ver". v O PM veio dizer que era infantil pedir a demissão do MAI. A seguir ao discurso do PR, a ministra da Administração Interna abandonou o cargo, na sequência dos incêndios, segundo um comunicado do conselho de ministros. A esta hora, está o Costa a ver o Canal Panda.

Acho que as sondagens estão a fazer mal a Costa. Está demasiado relaxado. No meio de uma tragédia, vir dizer "habituem-se", passar parte da culpa para a população e falar da resiliência que é necessária, é todo um novo conceito de Estado. Ainda vão dizer que os populares têm de aprender a defender o paiol de Tancos com ancinhos, etc. A seguir, vamos às urgências com uma apendicite e dão-nos um serrote, agulha e linha. O Estado fica numa postura tipo IKEA, mas nem nos dá o material, e só nos dá as instruções se a TV não estiver a dar bola e o SIRESP funcionar. Por mim, tudo bem, mas ao fim-de-semana vamos todos para a piscina da residência oficial do PM.»

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