23.2.18

Passaram ainda além da Traquitana



«O PSD pós-congresso não é um saco de gatos, é um ninho de vespas aziadas. Dos apupos à ex-braço-direito de Marinho Pinto, agora vice-presidente do PSD, passando pela voz não tão grossa, mas grosseira, de Montenegro - que afirmou no congresso: "Não deixe que o PSD se transforme no grupo de amigos de Rui Rio ou na agremiação dos amigos de Rui Rio", enquanto se preparava para formar um PSD de inimigos de Rui Rio - até à falta de Hugo Soares a uma reunião da Comissão Política, justificada por Rio e absolutamente injustificável segundo o ainda líder da bancada parlamentar, tudo leva a concluir que o PSD é um partido aos pedaços. Se a chamada Geringonça tivesse um dia assim, seria o fim. Se alcunharam o actual Governo de Geringonça, o mínimo é dar o nome de Traquitana a este PSD.

Enquanto Rui Rio se reúne duas horas e meia com António Costa para iniciar uma espécie de diálogo educado, a vice-presidente diz, em entrevista à SIC Notícias, que o actual Governo lhe "repugna por ser de esquerda". Deduzimos que Rio terá ido para a reunião com Costa munido de um daqueles sacos para vomitar que há nos aviões. Sendo esta crónica sobre o Congresso do PSD, não poderia deixar de recordar Sá Carneiro. Esta frase da ex-bastonária da Ordem dos Advogados faria Sá Carneiro dar voltas no caixão; o que seria terrível porque poderia dar origem a mais uma comissão de inquérito ao caso Camarate. Penso que o próprio Passos não chegaria tão longe. Ou seja, Elina foi além do Passos, proeza difícil se relembrarmos que o primeiro foi além da troika.

Escrevo esta crónica na noite de quarta-feira, na verdade já é quinta e, para bem de Rui Rio, suponho que quando o estimado e esbelto leitor estiver a ler, já Fernando Mimoso Negrão será o novo líder parlamentar do PSD. Não quero fazer trocadilhos com o apelido do recém-eleito, mas sempre achei que dava um excelente nome para actor de filmes porno. Dá jeito porque vai ser esse o ambiente na bancada que vai gerir.

Acrescentando a tudo isto, que descrevi nas linhas anteriores, Santana Lopes, que no Congresso foi quem protegeu Rui Rio como se fosse o seu bebé, talvez por solidariedade ao que teve de passar enquanto ainda estava na incubadora, veio avisar, e cito, não vão pensar que sou eu que uso uma linguagem popular: "Se Rio disser que vai para um Governo do PS, temos o caldo entornado." Santana, desta vez, não anda por aí, está aqui, em cima de Rio.

Entretanto, o denominado, com algum exagero, líder do PSD aparece sorridente na televisão, fazendo um sorriso às polémicas, e afirma: "Vai haver mais histórias. Cá estou para elas. É disso que eu gosto." Espero que Rui Rio não seja daquelas pessoas piegas que gosta de histórias com um final feliz.»

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