«Ontem António Costa e Rui Rio assinaram dois acordos. Na substância, não há muito de novo: PS e PSD sempre se entenderam sobre as prioridades a dar aos fundos europeus (e a reclamar que o país não perca dinheiro). Na forma, é uma viragem de 90 graus, porque António Costa só chegou a primeiro-ministro porque teve o acordo da esquerda, mas agora encontrou um parceiro para aplicar o que à esquerda não lhe interessa discutir.
A viragem ao centro não chega em momento neutro — porque Mário Centeno fez uma revisão do défice que a esquerda não queria, porque catalogou a receita da esquerda como um regresso “ao pesadelo”.
Por outro lado, a viragem ao centro chega no momento certo, porque o PS está prestes a ir para um congresso, no qual lançará as bases para o seu próximo programa eleitoral — e a estratégia para todas as próximas eleições. É o momento certo, portanto, porque é altura de ouvir o Partido Socialista, para saber onde está e para onde quer ir.
Não é segredo para ninguém que o PS não é um, alberga dois. E que cada vez tem nele maior peso uma ala esquerda que já não é só dos históricos Manuel Alegre e António Arnaut — é também de jovens que ambicionam um dia comandar o partido que tantas vezes governa Portugal. Hoje, esses dois partidos convivem num só barco, liderado pelo que alguém chamava “o último dos moderados no PS”, António Costa.
Para a ala esquerda, Costa tem a autoridade de quem chegou e derrubou um muro, levando o Bloco e PCP para a responsabilidade da governação. Mas autoridade não é unanimidade — sobretudo não, se ficar aberta no congresso uma porta, mesmo que só uma janela, para governar com o apoio do PSD.
Os caminhos não são neutros. Costa, por exemplo, assumiu ontem com clareza que a sua prioridade é reduzir a dívida. E ala esquerda deixou cair a reestruturação?
Costa assumiu que falará com o PSD onde a esquerda não colabora — e o seu Governo pediu a Maria de Belém uma lei de bases da Saúde. E a ala esquerda? Prefere essa ou a do Bloco, que António Arnaut está a preparar?
Costa já abriu a porta, com o acordo de ontem, para ter um programa comum com o PSD, nas próximas legislativas, sobre a segunda fase da descentralização — que já inclui novos poderes e a eleição de líderes supramunicipais. E a ala esquerda o que acha disso?
Na moção ao congresso, Costa promete outros temas: a nova economia, as mudanças nas relações de trabalho, o desafio demográfico. Em tudo isto, há dois caminhos. A dúvida é se a ala esquerda aparece no congresso — ou deixa Costa fazer como mais gosta: navegar ao meio, para depois escolher.»
David Dinis
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1 comments:
Como é do conhecimento geral, O Marcelo, ganhou as eleições para a presidência, como se trata-se da venda de um sabonete! Aliás as televisões tanto vendem sabonetes como presidentes e partidos!
Deixamos os sabonetes, até porque sem um bom sabonete, não ficamos bem lavados.... ai esta o Marcelo anda por este Mundo fora a vender sabonetes, peço desculpa a vender a ideia que em Portugal não existe um governo nem direita nem esquerda. Esta tudo dito ora essa não existe? Então senhor Marcelo o que existe?
Se algum jornalista ao algum elemento do Povo me perguntar; a final o governo é de direita ou de esquerda. Eu digo tem dias? Hoje por exemplo com assinatura da "descentralização" é de direta.
Amanhã, Deve ser do Benfica, depois do Sporting, por fim com o tempo é do FCP!
De esquerda nunca vai ser....apesar de ter o apoio das suas muletas que se dizem de esquerda....
Por fim: Não existe esquerda no Parlamento, e muito menos no governo do PS do Costa. Existem sim interesses políticos e edeológicos...
Mais tarde explicarei porque penso assim, se me for permitido...
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