«Não, o que se está a debater no Conselho Europeu de Bruxelas não é a “crise da imigração”, é a crise do egoísmo.
Recordo que cada um dos migrantes ( criança, mulher, homem) é um ser humano como nós, revestido dos mesmos direitos e dignidade. Direitos e dignidade não se medem pelo nível de melanina na pele.
O que se está a pensar na Europa devia envergonhar-nos a todos profundamente. As empresas europeias são das que mais beneficiam da exploração dos recursos do continente africano, o nosso lixo electrónico, os nossos navios desactivados são despejados nesse Sul que nos parece longínquo e que demasiados só conhecem dos universos paradisíacos e paralelos criados para turistas.
Em tempos entrevistei um pedófilo nórdico que tinha abusado de pré-adolescentes tailandesas (conhecidas como “street meat”). À pergunta “porquê” respondeu-me “estava a ajudá-las”.
Quando penso na Europa e nos campos de concentração a que eufemisticamente chama “plataformas de desembarque” penso neste homem e na abjeção que me causou.
Eu vivi em “plataformas de desembarque”, comi com estas pessoas, ouvi-lhes as histórias, a voz, muitas seguraram-me a mão: “não se esqueça de mim”. Traí-as.»
Helena Ferro de Gouveia no Facebook
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