2.8.18

O nosso general Rovisco



«Elvis Presley tinha um grande fascínio pelo mundo militar. Em 1970, em apenas três dias, gastou 20 mil dólares a comprar armas. O seu filme favorito, que revia múltiplas vezes, era "Patton: Lust for Glory", sobre o general americano que se tornou um herói nacional durante a II Guerra Mundial. Patton era considerado louco e sobre ele poderia mesmo aplicar-se as palavras do rei Jorge II, que não morria de amores pelos militares que o cercavam, sobre o general Wolfe: "Ele é louco? Então eu desejaria que ele pudesse morder alguns dos meus outros generais." Não consta que tenha cumprido os desejos do rei. Já Patton acreditava que era a reencarnação de Aníbal, o general de Cartago, considerado "o rei da estratégia". O que levou alguns contemporâneos dele a dizer que ele "não estava bom da cabeça". A história assistiu à existência de todo o tipo de militares. Uns acabaram como heróis. Outros saíram pela porta mais pequena da memória. Mas nenhuma sociedade lhes ficou indiferente.

Portugal tem muito a dever aos seus militares. Mas também tem os seus "irritantes". O mais óbvio é o mistério de Tancos, novela policial que poderia ter sido escrita por Agatha Christie. Ou poderia ser mesmo um filme de Monty Python. A última cena desta obra foi agora desempenhada pelo general Rovisco Duarte, o homem que, sorridente, deu a boa nova aos portugueses de que todo o material "furtado" de Tancos tinha sido recuperado, até com o bónus de uma caixinha. Agora Rovisco Duarte foi ao Parlamento, disse que o Exército nunca deu garantias de que o material recuperado correspondia ao roubado e que a lista das armas e munições espoliadas estava em segredo de justiça, pelo que não a podia divulgar aos deputados. Parece que ninguém sabe o que aconteceu! O melhor momento foi quando disse, sem se rir: "Não sei o que estou aqui a fazer." Não sabe, nem nós sabemos porque ainda é CEME. E porque é que o incógnito Azeredo Lopes ainda é ministro da Defesa. Deve tratar-se de um lapso de comunicação, que ainda está, também, em segredo de justiça.»

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