5.3.19

Obrigado Joaquim Neto de Moura



Excelentíssimo Senhor Juiz Desembargador,

«Agora que toda a gente escreve, e lhe escreve, para o ofender, magoar, afrontar, ultrajar, desagradar, desgostar, injuriar, insultar, desfeitear, descompor, vulnerar e vituperar, eu escrevo para lhe agradecer.

Frequentador das redes sociais, primeiro do Facebook e agora do Twitter, tenho vivido amargurado com o nível de divisão da sociedade portuguesa. Não se pense que um "regionalização versus centralismo" é pior que um "Esquerda versus Direita" ou mesmo que um "F. C. Porto versus SLB". Quando toca a fomentar divisões nas redes sociais, os portugueses são campeões da Europa. Daí o meu sincero agradecimento.

Só mesmo o senhor desembargador, com as suas teorias da evolução invertida, conseguiria unir o povo português a um nível que nem o Éder conseguiu, quando marcou aquele golo à França, na final de Paris. Muito obrigado Joaquim Neto de Moura. Por sua causa, é possível acreditar que o povo unido não voltará a ser vencido.

Este agradecimento estende-se à forma como o senhor não deixou de espernear, estando no chão a levar pancada de humoristas, comentaristas e alguns políticos. Depois de tudo o que senhor disse nas suas famosas sentenças, levantar processos por difamação aos seus críticos é genial. Se o senhor acha que devem ser condenados os que entendem que Neto de Moura é um perigo para a sociedade, fica a esperança de que quem manda neste país entenda de uma vez por todas que quem faz julgamentos com base no que diz a Bíblia, está pronto a ir pregar para o deserto, deixando os tribunais para os que se contentam em aplicar a lei, segundo o espírito do legislador que o povo elegeu. Muito obrigado Joaquim Neto de Moura. Com os seus argumentos, fica mais fácil o combate para acabar com a pouca vergonha de ver os tribunais portugueses a desvalorizarem a violência doméstica.

Ainda assim, é neste ponto que continuam a existir sérias preocupações. Nos tribunais portugueses, infelizmente, não há apenas um troglodita a desculpar os machos com excesso de testosterona. O senhor desembargador pode ser o campeão, mas se há coisa que aprendemos com os documentários da National Geographic é que há sempre um macho disponível para ocupar o lugar do líder.»

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